quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A hiena Hardy de todos nós...

Fim de ano chegando...já se ouve o barulho dos pratos das refeições em família, o alvoroço das crianças correndo para todos os lados e o reencontro com aqueles distantes pela geografia (às vezes, nem tão longe assim...a distância pode ser mesmo no coração...enfim....). O fato é que observamos uma mudança de "atmosfera", algo no ar, sendo absorvida aos poucos por todos nós. Acrescente a isso  as férias chegando (ou mesmo apenas alguns dias de folga) e temos alguns elementos que criam  uma certa "tensão" no ar,  frente à expectativa de mais um fim de ano.

É interessante observar os "ingredientes" que compõe este momento: os reencontros familiares, as refeições fartas, o relaxamento das obrigações cotidianas, o arrumar as malas e viajar e....claro, as promessas! Os planos propostos em nosso coração, aos outros e a Deus. Quantas são, não é? Tão comuns quanto à música de fim de ano da Globo (...hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa, é de quem vier...). Mas por que elas nos atraem tanto? 

Independentemente da condição real vivida por nós, sempre nos anima o fato de uma mudança de data ser um marco para mudanças (quantas dietas mesmo começarão toda segunda-feira? E porque não no domingo?). Dentre todas, a virada de ano traz consigo este "clima" gerado pela mídia e pela cultura de celebrar o novo. Obviamente, nosso inconsciente capta isso e sentimos mesmo algo diferente em nossas emoções. E o que fazemos? Promessas....

Imagino que poucos façam esta análise, mas quantos podem olhar para trás e perceber o que se tornou concreto ou ficou no campo das ideias? O que fazemos quando olhamos para dentro de nós e constatamos que ainda falta?

O ano de 2012 será um ano político, e já até nos preparamos para elas: as promessas. Talvez daí venha, somado àquelas ouvidas de amigos, conhecidos e afins, o sentimento de descrédito, daquele - sei... - ao ouvir este tipo de discurso. O motivo, claro, é a distância entre o que se fala e o que se cumpre. Porém, como cristãos, muitas vezes tratamos as promessas de homens e as promessas de Deus como iguais, desconfiando de todas. Como cristãos, não podemos agir assim. Por mais que o conteúdo de ambas pode ser idêntico às vezes, há uma enorme diferença entre a origem de cada uma. Se não nos atentarmos a isso, deixamos de viver livres e esperançosos, confiantes na graça e soberania divinas, e passamos a andar taciturnos e rabugentos, reclamando de tudo como a hiena Hardy, famoso desenho de Hanna-Barbara dos anos 60 (eu lembro desse...é, a idade chega! Oh, céus, oh vida....rs....)

Vejamos um exemplo bíblico de alguém que resistiu às intempéries de uma geração corrompida e perseverou nas Palavras de nosso Deus. Acompanhe:

"Então os filhos de Judá chegaram a Josué em Gilgal; e Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, lhe disse: Tu sabes a palavra que o Senhor falou a Moisés, homem de Deus, em Cades Barnéia, por causa de mim e de ti" Js 14.6
Veja bem: este diálogo aconteceu 45 anos após Deus ter dado a promessa! Na época, a primeira geração de israelitas falhou em crer na promessa dada pelo Senhor a respeito da conquista da terra de Canaã, e somente Josué e Calebe permaneceram fiéis. Por isso, como recompensa, Deus entrega uma porção de terra a Calebe. É isto sobre isso a menção à promessa que ele faz.

A isso chama-se . Ele nunca duvidou...e olha que o ambiente não era dos mais agradáveis! Calebe viveu, após o fracasso daquela primeira geração, 45 anos no deserto com eles! Imagine a situação: você está lá, no meio do povo, cheio de fé. Vê com seus olhos a verdade do que Deus havia dito: a terra é boa...mana leite e mel...chega de escravidão! Adeus tijolos egípcios...é somente crer e lutar, assumir a responsabilidade de conquista e trabalhar....finalmente! Mas....

Você olha para o lado, e tudo o que vê são olhares de descrédito e zombaria. A maioria esmagadora não crê e prefere voltar à escravidão...suas palavras de ânimos são abafadas pela murmuração da maioria...e, estupefato, vê seu plano de vida sendo adiado por um tempo...aliás, um longo tempo!

Como você reagiria a isso? Espalharia acusações por todos os lados? Ficaria de braços cruzados, bravo com Deus? Fugiria? Afinal de contas, você crê mas, pelo atitude da maioria, é levado de volta ao deserto...logo agora que estava tão perto!

Mas não aquele homem. Independente da situação ao seu redor, sua fé em Deus foi suficiente para lhe garantir a sanidade mental e a força emocional para atravessar os próximos 45 anos de espera. Deixe eu repetir: quarenta e cinco anos! Não foram quarenta e cinco horas, dias ou semanas....mas anos! Nem vou perguntar o que faríamos ao receber de Deus uma resposta assim: "tudo bem, meu filho...vou conceder o que me pedes, mas somente daqui há quarenta e cinco anos..." Sobre isso, quero deixar aqui uma das pérolas preciosas encontradas nas Escrituras:

"Buscai no livro do Senhor e lede; nenhuma dessas coisas falhará, nem uma nem outra faltará; porque a sua própria boca ordenou, e o seu Espírito mesmo as ajuntará" Is 34.16

O segundo aspecto a destacar encontramos no versículo seguinte de Josué:

"Da idade de quarenta anos era eu, quando Moisés, servo do Senhor, me enviou a Cades Barnéia a espiar a terra; e eu lhe trouxe resposta, como sentia no meu coração" Js14.7
Onde ele guardou as promessas? Onde ele creu na Palavra? No coração! Não é à toa que Jesus nos ensina a viver, em certos aspectos, como crianças para herdar o Reino. Creio este ser um deles. Experimente fazer uma promessa a uma criança pequena...ela normalmente não relativizará, não duvidará ou pedirá garantias...apenas crerá! Diga a seu filho de 4, 5 anos que vai comprar um brinquedo e ele não ficará preocupado com os rumos da economia na Espanha! Lembre-se de, acima de tudo, guardar seu coração, pois é dele que saem as fontes de vida. Não do dinheiro, das posses ou de outros (Pv 4.23). Veja: um coração cheio de ira, amargura e desconfiança não irá esperar pelo tempo da promessa...ele sempre procurará a independência, o velho fazer as coisas do meu jeito mesmo. Bom, já sabemos onde isso vai dar, não é?

O terceiro aspecto a destacar vemos aqui:

" Mas meus irmãos, que subiram comigo, fizeram derreter o coração do povo; eu, porém,  perseverei em seguir o Senhor, meu Deus" Js 14.8
Como falamos acima, Calebe foi perseverante e manteve sua fé, mesmo no meio de uma geração incrédula. Ao contrário da maioria, não foi na "onda" do povão. Não o vemos murmurando, reclamando, apontando o dedo para tudo e todos nem depressivo por ter tido seu sonho adiado. Ele apenas perseverou...estamos dispostos ao mesmo para receber a promessa? Outros em seu lugar falharam...Abraão tentou dar um jeito e arrumou uma inimizade com Seu filho Isaque que perdura até os dias de hoje...Moisés tentou ajudar um hebreu matando um egípcio e fugiu para o deserto por quarenta anos...Rebeca foi ajudar seu filho Jacó a receber a primogenitura no lugar de Esaú e nunca mais viu seu filho...

O preço a se pagar, às vezes, é alto demais. Não tente ajudar a Deus...confiar em Suas promessas, trabalhar com o que temos em nossas mãos é o melhor que podemos fazer. E esperar, claro...o mais difícil! Os três exemplos bíblicos acima tem um ponto em comum: tentaram adiantar o plano de Deus. Definitivamente isso não dá certo...

Por fim, é importante ressaltar os benefícios práticos em esperar em Deus e crer em Suas promessas. Vejamos o que aconteceu com Calebe:

1) Deus renovará as nossas forças: mesmo após tanto tempo, seu ânimo e força estavam intactos. Aqueles que ousam crer são surpreendidos pela graça divina, que nos sustenta e leva sempre adiante...

"E, ainda hoje, estou tão forte como no dia em que Moisés me enviou; qual a minha força então era, tal é agora a minha força, para a guerra, para sair e para entrar" Js 14.11
2) A companhia majestosa do Pai: não apenas nos dias de culto ou em momentos esparsos, mas ter Ele sempre conosco. São momentos de alegria? Ali está o Pai regozijando com você. Tristeza e dor? Ali está o Supremo Pastor, com Sua mão nos guiando em meio ao vale da sombra da morte. Sede de esperança? Pois Ele faz brotar de nosso interior um rio de águas vivas....afinal, o que você precisa hoje?

 "Agora, pois, dá-me este monte de que o Senhor falou naquele dia; pois, naquele dia, tu ouviste que os anaquins estão ali, grandes e fortes cidades há ali; porventura, o Senhor será comigo, para os derrotar, como o Senhor disse" Js14.12

Impressionante! Veja que Calebe sabe da presença de dificuldades, mesmo naquilo prometido pelo Senhor. Sim, há inimigos. Sim, eles são fortes. Sim, as muralhas são imensas....e sim, o Senhor é comigo e Ele me prometeu a vitória. Simples e poderoso.

Precisamos de algo mais?

Em Cristo,

Pr. Daniel









quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Quando o problema é alguém que vemos no espelho...


Existem certas coisas que nos deixam perplexos e ansiosos. Frequentemente somos levados pelo nosso próprio ponto de vista e analisamos situações e pessoas a partir do que julgamos ser certo ou errado.  Isso é de certa forma normal, pois nossa natureza caída e egoísta nos faz "funcionar" de acordo com ela na grande maioria das vezes. Tanto que apenas aqueles que nasceram de novo tem a real capacidade de discernir isso e poder escolher um outro caminho...

Porém....

Todo cristão está num processo de ser transformado à imagem do Filho de Deus (Rm 8.29) e, portanto, há uma dinâmica sempre presente em sua vida. O ponto crucial é que esquecemos disto... lembramos sim de um sermão, palavra ou situação onde "outros" deveriam estar presentes e receber aquilo...mas nós não. Frequentemente. Aí reside o "x" da questão. Afinal de contas, o problema são os outros mesmo....ou seremos nós?

Você já questionou o que há de errado quando ora por alguma situação e esta não muda?

Vejamos o que a Bíblia tem a falar sobre isso:

Disse o Senhor a Moisés: Entra a Faraó, pois Eu endureci o seu coração e o coração dos seus servos, para que eu manifeste estes meus prodígios no meio deles, e para que contes aos ouvidos de teus filhos e dos filhos de teus filhos que coisas tenho feito no Egito, e os meus prodígios que tenho feito no meio deles; a fim de que saibais que Eu sou o Senhor.
Êx 10.1,2

Interessante o paradoxo encontrado aqui. Deus envia Moisés para libertar o povo da escravidão no Egito, e ao mesmo tempo afirma a ele: "Seguinte, Moisés. Você vai lá diante de Faraó e diga a ele para libertar o meu povo. Mas ele não vai concordar com isso, pois eu endureci o seu coração com relação a você e seus irmãos...".

Estranho, não é? Imagine-se no lugar de Moisés por um momento..."Como?!? Ir falar com ele, sabendo que ele não vai ceder de jeito nenhum, pois o Senhor mesmo irá fazer agi-lo assim? Que perda de tempo é essa? Será que ouvi direito?

O que você pensaria? Certamente poderíamos cogitar muitas coisas, mas o fato é a narrativa afirmar o endurecimento do coração do monarca e a ordem para ir confrontá-lo mesmo assim. Qual a motivação por trás deste ato?

O texto segue explicitando o motivo: para que eu manifeste estes meus prodígios no meio deles...é importante ter em mente aqui a soberania de Deus, e que Suas atitudes nunca são impensadas ou alheia à algum propósito. Não sei para você, mas para mim é um motivo de descanso na alma poder confiar na graça e no poder de nosso Deus...deste modo, os sinais teriam um efeito poderoso na mentalidade do povo. Mas que povo? Naturalmente pensaríamos nos egípcios, não é? Mas não se apresse....sigamos mais um pouco no texto, e descobriremos sobre quem repousava o alvo de Deus...

"...para que contes aos ouvidos de teus filhos e dos filhos de teus filhos que coisas tenho feito no Egito, e os meus prodígios que tenho feito no meio deles; a fim de que saibais que Eu sou o Senhor." Êx 10.1,2

Percebeu o alvo aqui? Os Israelitas! Eles sempre estiveram diante dos "olhos" de Deus...e tudo aquilo tinha como objetivo mudar a maneira de ver a vida e a Deus! Provavelmente não notamos isso numa leitura rápida...mas o fato é que o motivo de Deus endurecer o coração de Faraó e dos egípcios era trabalhar no coração dos israelitas. Grave bem isso em sua mente.

Afinal de contas...

Com quantos corações endurecidos você já se deparou? Teve que relacionar com eles? No lar, no trabalho, no rol de amigos...nas mais diversas ocasiões e circunstâncias somos confrontados com isso. E o que fazemos? Oramos para que os outros mudem de atitude, não é? Partimos do velho princípio de que nós estamos certos, e o mundo, errado...

Deus queria incutir na mentalidade do povo uma nova cultura. Tenha em mente o fato de terem nascido escravos, condicionados a um comportamento passivo diante da vida. Como você imagina que era a educação das crianças, da próxima geração, naquele meio? Não me admira o fato de terem perecido no deserto pela incredulidade...aliás, já vemos aqui um vislumbre disso no fato das gerações seguintes entrarem na promessa. Mas o ponto a ressaltar aqui é a responsabilidade delegada aos pais de, após testemunharem o livramento miraculoso e experimentar servir ao Deus vivo, de ensinarem seus filhos a respeito deste Deus - uma espécie de home-schooling primitivo...interessante...

Isso nos leva a meditar num ponto: que tipo de discurso nossos filhos ouvem em casa? Tem eles ouvido a respeito das obras e da graça de Deus, ou apenas a murmuração a respeito da igreja, do trabalho, das outras pessoas? Que tipo de cultura criamos para a próxima geração? O quanto da rebelião de nossos filhos não é fruto de lábios ingratos e mentirosos dos pais nos lares? E claro, a culpa sempre é dos outros...

Saiba de uma coisa: se oramos por determinada situação e ela não muda, talvez quem deva mudar somos nós! Sim, Deus ainda endurece o coração de pessoas ao nosso redor no intuito de nos humilhar e nos moldar à imagem de Cristo.

Para aquela geração, dez pragas foram suficientes em demonstrar quem Deus era, quem eles eram, e a quem serviam...a lição, de fato, foi absorvida. , você pode perguntar, mas eles não morreram no desertoNão foram rebeldes e de coração duro? Sim. Mas seus filhos herdaram a promessa, por confiarem que o Deus da libertação da escravidão de seus pais era o mesmo que os levaria à vitória da conquista da Terra Prometida.

Para terminar, deixo aqui uma pergunta:

Quantas "pragas" são necessárias para nos ensinar o fato de que precisamos mudar? Até que ponto a dureza dos outros não é reflexo da dureza do nosso coração?

Solideogloria

Pr. Daniel
Web Analytics